Crônica do desespero
Entre cores e perigo
Em
memória ao meu (Pai) José Carlos e ao meu irmão mais velho, José Carlos Filho.
Vocês
fazem muita falta!
Era década de
“80”, minha filha eu nos preparávamos para dormir. Ela com cerca de 3 anos
e eu por volta dos 33.
Morávamos no andar térreo de uma casa ampla situada
ao lado de uma chácara na qual funcionava
e funciona até os dias atuais, uma reconhecida instituição de ensino inaugurada por americanos.
O que torna este educandário mais agradável, sob o
meu ponto de vista, é a natureza que torna todo aquele espaço em uma mostra de
preservação do meio ambiente, tão necessários aos tempos modernos.
Certa noite, ao voltar das casas de meus pais e nos
preparávamos para o descanso, minha filha foi colocada na cama para, tomar
leite e dormir e eu fui ao toalete escovar
os dentes .
Ao lado da pia do toalete, havia uma sapateira e
sobre a mesma um pode de sorvete reutilizado como organizador de “arquinhos” para enfeitar a cabeça e os cabelos de minha
bambina.
Eram vários e de variadas cores. Enquanto escovava
os dentes, percebi que um dos arquinhos , um , predominantemente da cor
vermelha, possuía um brilho mais intenso que outros que eram revestidos por cetim ou similares.
Olhava para aquele enfeite e não conseguia entende o
porquê de não me lembrar onde o teria comprado , já que para todos os
demais não havia dúvidas em relação isso
, bem como os fornecedores dos mesmos.
Aproximei meu rosto bem perto do objeto em questão, por
umas três vezes e percebi que para além da cor predominantemente vermelha, o então
“enfeite de cabelo” apresentava riscos brancos e pretos.
Algo dentro de mim começou a dizer que eu precisava
ter a certeza de que se tratava de um simples enfeite para cabelo ou se poderia
ser outra coisa. Resolvi empurrar levemente o objeto e ver o que
acontecia...tive a impressão de que o objeto havia se movimentado, mas não
queria crer nesta possibilidade...o que fazer? Dormir com aquela dúvida, ou
insistir?
Meu lado protetor falou mais alto e novamente
empurrei le –ve – men - te o tal pode te
de sorvete e...
Minha nossa! O tal enfeite afundou-se no pote e pude
perceber que havia uma cauda.
Não havia mais dúvidas, tratava-se de uma cobra que
se camuflara entre objetos coloridos. Sabia que não conseguiria resolver
sozinha aquela situação e na mesma hora fechei a porta do banheiro e liguei
para meu irmão mais velho, formado em Agronomia e perguntei:
_ Cacau, (apelido de meu irmão mais velho) como é
uma cobra coral?
-Ah, Líbia, é vermelha e preta.
- Tem riscos brancos também?
Tem sim.
É venenosa?
É sim.
Tem uma aqui em casa escondida entre os arquinhos da
Gabriela. O que você pode fazer para ajudar?
Ai, Líbia!!( voz nervosa) Liga para o pai. Ele está mais perto e pede a
ele para ir aí. Deixe a porta do banheiro fechada.
E assim eu fiz. Liguei para o meu pai que chegou em
poucos minutos, acompanhado de três colegas e um pedaço de pau para matar a tal
cobra.
Ele assustou-se a me ver no corredor, sobre uma
cadeira à frente da porta do toalete e dizendo a ele que a cobra já havia saído
e que certamente entrara na sapateira, mas ele nervosamente insistiu para que
eu saísse de lá para que ele entrasse e fosse até o ralo do escoamento da água
pois já havia visto o réptil naquele lugar .
Se acreditar nesta possibilidade, mas crendo no
destemido pai eu deixei que ele entrasse e percebi que realmente o réptil já
havia se armado em bote, sobre o ralo do banheiro, sem que eu sequer tivesse notado.
A cobra foi
morta a pauladas, pelo meu pai e os amigos fizeram coro na conquista do evento
que como todo aquele alvoroço os vizinhos saíram à rua para vero que acontecera.
Todos s juntaram e concluíram que pelas características,
aquele réptil de 40 centímetros era, de fato, venenoso e poderia ter nos matado,
caso MEU HEROI, MEU PAI, não nos salvasse a tempo.
Eles aconselharam que minha filha e eu fôssemos para
a casa do meu pai e que só voltássemos quando uma boa verificação fosse feita
para eliminar assim, a possibilidade de que outro réptil fosse encontrado. Possibilidade
aventada pelos presentes.
A vizinha do andar superior, ao presenciar todo o
episódio, dedetizou todo o ambiente. Caus geral instalou-se, pois a cobra poderia
ter vindo de qualquer parte, inclusive da chácara vizinha.
Resumindo... durante uma semana dormi
na casa de meus pais até encontrar uma corajosa ex-aluna que colaborou na revista
feita em todos os ambientes , cantos, gavetas, caixas , interior de guarda-roupas,
estojos etc. etc. etc.
Nada foi encontrado, mas, por cerca de dois meses,
eu dormia e acordava durante toda a noite, com medo de estar dividindo a casa
com um “inimigo”.
Assim termina essa história. Lembranças trazem de volta
sentimentos e também saudades.
Vocês fazem muita falta. Amo muito vocês!!!
Líbia A. Carlos
Lavras,
18.03.2018
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