Coluna Jornal das Missões- 19.09.2013
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Pensando
gestão rural - e a gestão e transformação de conflitos
As
pessoas são diferentes e conseqüentemente possuem objetivos e interesses
distintos. Estas diferenças de objetivos e interesses podem promover conflitos,
processo oposto ao da cooperação e colaboração. Conflito pode ser entendido
como a perseguição de objetivos incompatíveis por diferentes grupos (Miall et
al. 2011) ou como a confrontação entre duas ou mais partes (University for
Peace, 2005). O conflito existe quando acontece uma interferência passiva ou
ativa de um grupo ou um indivíduo no sentido de bloquear a tentativa da outra
parte de alcançar os seus próprios objetivos (Unama, 2013). Os conflitos podem
ser classificados em conflitos internos - intrapessoal, e conflitos externos -
interpessoal, intragrupal, intergrupal, intraorganizacional ou
interorganizacional.
Os
conflitos possuem diferentes níveis de intensidade, ou seja, ao contrário do
que se imagina os conflitos não vão ficando cada vez maiores, e sim mais
profundos e internalizados. Glasl (1999) identificou 9 níveis de intensidade
nos conflitos. O primeiro nível é caracterizado pela expressão de diferentes
pontos de vista. O segundo nível é caracterizado por debates e polarização dos grupos.
No terceiro estágio iniciam-se as ações em favor das posições, ocorrem
confrontos verbais e há uma redução drástica do entendimento do outro lado. Já
no quarto estágio é visualizada a formação de coalizões e assume-se a seguinte
posição: “quem não está com o nosso grupo, está contra nós”. No quinto estágio
ocorre o desmascaramento, neste estágio todos os aspectos positivos do oponente
são ignorados e o conflito se torna público. No sexto estágio inicia os sinais
de ameaças, um lado demonstrando que está determinado a ir tão longe quanto
necessário com o conflito. No sétimo estágio iniciam os ataques e as ameaças se
tornam ações, a destruição é material, em uma organização, podem ser roubados
arquivos etc. No oitavo estágio se tenta eliminar o inimigo, a violência é
pessoal, o objetivo é sair vivo do conflito e destruir o oponente, exemplo
disso, pode ser o envio de emails anônimos. O nono e último estágio é
denominado “juntos para o abismo”, é quando a própria destruição é considerada
um sucesso desde que o lado oponente seja também destruído.
Para
ilustrar a intensificação dos conflitos, o autor (Glasl, 1999) apresenta dois
casos reais, o primeiro de uma indústria e o segundo de uma escola. Na
indústria, um grupo de colaboradores se negou a adotar as inovações sugeridas
pelo diretor da empresa, após escalarem todos os níveis de intensidade de
conflitos, o representante do grupo perdeu o trabalho, a casa e ainda precisou
enfrentar um processo judicial. Já a escola, com a credibilidade totalmente
comprometida pelos conflitos públicos entre dois grupos de professores, foi
fechada.
É
importante destacar que um conflito não precisa chegar ao extremo do nono
estágio, a cada etapa é possível “acordar” e parar com qualquer atitude que
contribua com a intensificação do conflito. Os relacionamentos são constituídos
de tensões e de conexões que podem estar relacionadas à cultura, hábitos,
atitudes e valores. O importante é encontrar um ponto em comum que pode ser um
objetivo, um projeto ou uma necessidade - não uma posição, e respeitar as
demais diferenças, pois afinal, não existem vencedores em conflitos.
Por fim
se destaca que a Universidade de Hümboldt, por meio do SLE Training -
Treinamento para especialistas internacionais promoveu o curso “Conflict
management and conflict transformation” (administração e transformação de
conflitos) com duração de 15 dias, na cidade de Berlin, Alemanha. O curso
contou ainda com a presença de 23 profissionais provenientes de 17 países.
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