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domingo, 15 de setembro de 2013

Pensando na gestão rural-e a gestão e transformação de conflitos

Coluna Jornal das Missões- 19.09.2013



Carolina Bilibio é doutora em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Lavras, com estágio na Universidade de Kassel, Alemanha. Possui graduação em agronomia pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí. Foi bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes. E-mail para contato: carolina.bilibio@yahoo.com.br
 

Pensando gestão rural - e a gestão e transformação de conflitos

As pessoas são diferentes e conseqüentemente possuem objetivos e interesses distintos. Estas diferenças de objetivos e interesses podem promover conflitos, processo oposto ao da cooperação e colaboração. Conflito pode ser entendido como a perseguição de objetivos incompatíveis por diferentes grupos (Miall et al. 2011) ou como a confrontação entre duas ou mais partes (University for Peace, 2005). O conflito existe quando acontece uma interferência passiva ou ativa de um grupo ou um indivíduo no sentido de bloquear a tentativa da outra parte de alcançar os seus próprios objetivos (Unama, 2013). Os conflitos podem ser classificados em conflitos internos - intrapessoal, e conflitos externos - interpessoal, intragrupal, intergrupal, intraorganizacional ou interorganizacional.
Os conflitos possuem diferentes níveis de intensidade, ou seja, ao contrário do que se imagina os conflitos não vão ficando cada vez maiores, e sim mais profundos e internalizados. Glasl (1999) identificou 9 níveis de intensidade nos conflitos. O primeiro nível é caracterizado pela expressão de diferentes pontos de vista. O segundo nível é caracterizado por debates e polarização dos grupos. No terceiro estágio iniciam-se as ações em favor das posições, ocorrem confrontos verbais e há uma redução drástica do entendimento do outro lado. Já no quarto estágio é visualizada a formação de coalizões e assume-se a seguinte posição: “quem não está com o nosso grupo, está contra nós”. No quinto estágio ocorre o desmascaramento, neste estágio todos os aspectos positivos do oponente são ignorados e o conflito se torna público. No sexto estágio inicia os sinais de ameaças, um lado demonstrando que está determinado a ir tão longe quanto necessário com o conflito. No sétimo estágio iniciam os ataques e as ameaças se tornam ações, a destruição é material, em uma organização, podem ser roubados arquivos etc. No oitavo estágio se tenta eliminar o inimigo, a violência é pessoal, o objetivo é sair vivo do conflito e destruir o oponente, exemplo disso, pode ser o envio de emails anônimos. O nono e último estágio é denominado “juntos para o abismo”, é quando a própria destruição é considerada um sucesso desde que o lado oponente seja também destruído.
Para ilustrar a intensificação dos conflitos, o autor (Glasl, 1999) apresenta dois casos reais, o primeiro de uma indústria e o segundo de uma escola. Na indústria, um grupo de colaboradores se negou a adotar as inovações sugeridas pelo diretor da empresa, após escalarem todos os níveis de intensidade de conflitos, o representante do grupo perdeu o trabalho, a casa e ainda precisou enfrentar um processo judicial. Já a escola, com a credibilidade totalmente comprometida pelos conflitos públicos entre dois grupos de professores, foi fechada.
É importante destacar que um conflito não precisa chegar ao extremo do nono estágio, a cada etapa é possível “acordar” e parar com qualquer atitude que contribua com a intensificação do conflito. Os relacionamentos são constituídos de tensões e de conexões que podem estar relacionadas à cultura, hábitos, atitudes e valores. O importante é encontrar um ponto em comum que pode ser um objetivo, um projeto ou uma necessidade - não uma posição, e respeitar as demais diferenças, pois afinal, não existem vencedores em conflitos.
Por fim se destaca que a Universidade de Hümboldt, por meio do SLE Training - Treinamento para especialistas internacionais promoveu o curso “Conflict management and conflict transformation” (administração e transformação de conflitos) com duração de 15 dias, na cidade de Berlin, Alemanha. O curso contou ainda com a presença de 23 profissionais provenientes de 17 países.


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