Coluna Jornal das Missões- 15.08.2013
Carolina
Bilibio é doutora em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Lavras,
com estágio na Universidade de Kassel, Alemanha. Possui graduação em agronomia
pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul –
Unijuí. Foi bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico - CNPq e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior - Capes. E-mail para contato: carolina.bilibio@yahoo.com.br
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Pensando gestão rural - e a situação
energética no Brasil (CSP)
A energia é um item
essencial para a vida humana, assim como a água e o ar. A energia humana e
animal foram às energias mais utilizadas no início do desenvolvimento das
sociedades. Posteriormente a lenha passou a ser utilizada pelo homem para o aquecimento
e preparação dos alimentos. Porém, com o aumento da população e com o
desenvolvimento das atividades econômicas, não somente aquelas ligadas
a agricultura, outras fontes energéticas começaram a ser utilizadas, como o
carvão mineral e os derivados do petróleo - gasolina e o diesel. As primeiras
petrolíferas surgiram por volta de 1850.
Um
dos itens utilizados para verificar o grau de desenvolvimento de um país é a
oferta e o consumo de energia, expressa em toneladas equivalente de petróleo -
tep, que representa também o acesso a bens de consumo essenciais e a serviços
de infraestrutura pela população. Uma tonelada de petróleo equivale a 10
milhões de quilocalorias (kcal) (Goldemberg & Lucon, 2007).
No
Brasil, a oferta interna de energia foi de 1,29 tep por habitante em 2007,
oferta energética inferior a média mundial de
1,8 tep por habitante (Vichi &
Mansor, 2009), inferior também a oferta
de energia primária de 14,6 tep na Islândia e a 9,6 tep em Luxemburgo, mas
superior ao continente africano, que apresenta uma oferta de menos de 1 tep no
mesmo período (OECD, 2009). Alguns estudos indicam que quando a oferta de
energia per capita é inferior a uma tonelada equivalente de petróleo por ano,
as taxas de analfabetismo, mortalidade infantil e fertilidade são altas,
enquanto a expectativa de vida é baixa.
O cenário energético atual do Brasil, com referência ao ano
de 2012 segundo o Balanço Energético Nacional realizado pelo Ministério de
Minas e Energia e a Empresa de Pesquisa Energética (2013), aponta para um
consumo de 42,4% de energias renováveis (maior do que a média mundial de 14%),
e 57,6% de energias não renováveis. As energias renováveis incluem derivados de
cana-de-açúcar - 15,4%, hidráulica e eletricidade - 13,8%, lenha e carvão
vegetal - 9,1% e as energias não renováveis incluem o gás natural - 11,5%,
carvão mineral e derivados - 5,4%, petróleo e derivados - 39,2% e urânio e
derivados - 1,5%.
Os setores que mais consomem energia no Brasil são:
indústrias – 35,1%; transporte: 31,3%, residencial: 9,4%, setor energético –
9,0%, agropecuária – 4,1%, serviços, 4,5%. O consumo total de energia em 2012
foi de 283,6 milhões de tep. Para 2030 se espera um consumo variando entre 309
e 474 milhões de tep para uma população projetada de 238 milhões de habitantes
(MME, 2007).
O setor energético é responsável pela emissão de aproximadamente
2/3 dos gases que provocam o efeito estufa, já que mais de 80% da energia global
consumida é proveniente de combustíveis fósseis - carvão mineral, petróleo e gás natural. Os países que não integram a
Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento – OCED, são responsáveis na atualidade por 60% das emissões globais.
A china é o segundo país com maior consumo energético global, atrás somente dos
Estados Unidos. A China é também o maior emissor mundial de gases que provocam
o efeito estufa. Alguns estudos indicam que em maio de 2013, a concentração de
gás carbônico na atmosfera foi superior a 400 partes por milhão pela primeira
vez em centenas de anos (International Energy Agency, 2013).
É sabido que a concentração excessiva de gás carbônico na
atmosfera é um dos principais fatores responsáveis pelas alterações climáticas
que podem provocar maior freqüência e intensidade de fenômenos extremos, como
tempestades, enchentes, ondas de calor além da elevação do nível do mar e
aumento das temperaturas médias.
Para concluir se destaca que temas relacionados a
bioenergia, eficiência energética
e energias renováveis, podem permanecer com um dos principais temas de estudos
para atender de forma sustentável o desenvolvimento dos países.