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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Pensando gestão rural - e o conceito de “FoodOmics”

Coluna Jornal das Missões- 29.08.2013


Carolina Bilibio é doutora em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Lavras, com estágio na Universidade de Kassel, Alemanha. Possui graduação em agronomia pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí. Foi bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes. E-mail para contato: carolina.bilibio@yahoo.com.br
 


Pensando gestão rural - e o conceito de “FoodOmics”

A nutrição humana foi entendida até recentemente como o atendimento de uma necessidade mínima de nutrientes para suprir a demanda diária nutricional do organismo. Porém, na atualidade se discute de forma científica a função destes nutrientes na manutenção da saúde e na redução dos riscos de doenças (Capozzi, F. & Bordoni, A., Foodomics: a new comprehensive approach to food and nutrition, 2013).
Os autores Arola-Arnal et al. (How does foodomics impact optimal nutrition?, 2013), descrevem que existem cinco padrões nutricionais que ocorreram ao longo da história. O primeiro deles, conhecido como paleolítico, é caracterizado por uma dieta saudável mas que é neutralizada por doenças infecciosas – aquelas doenças transmissíveis que são causadas por agentes biológicos, como vírus, bactérias ou parasitas, que resultam em uma expectativa de vida de curta duração.
O segundo padrão nutricional, que inicia aproximadamente 8000 anos antes de Cristo, é caracterizado pelo aumento populacional, início da modernização da agricultura, poucos avanços na prevenção de doenças ou tratamentos resultando em uma piora no status nutricional e em uma baixa expectativa de vida. No terceiro padrão nutricional que se estende até 1000 anos depois de Cristo, ocorre uma elevação da renda, a oferta limitada de alimentos é apenas transitória e a sociedade ainda é sensível a eventos naturais, resultando em uma condição nutricional instável.
O quarto padrão nutricional, que ocorre a partir de 1750, está presente nas sociedades atuais desenvolvidas ou em desenvolvimento e abrange um aumento da renda e a adoção de conceitos como globalização, urbanização e marketing. Apesar de um aparente progresso, têm sido observadas alimentações excessivas e dietas não saudáveis que provocam doenças anteriormente não conhecidas, estes fatores resultaram no aumento da expectativa de vida, porém na baixa qualidade de vida. Já o quinto padrão nutricional, envolve uma mudança no comportamento que neutraliza as características negativas do padrão anterior. O processo de envelhecimento é mais bem entendido e os problemas derivados da falta de atividades físicas e dietas não saudáveis são superados.
É importante destacar que por mais que estes cinco padrões nutricionais descrevam a história dos padrões nutricionais de uma sociedade, a maioria destes padrões alimentares coexiste no mundo de hoje. Os padrões 2 e 3 podem estar presentes em países menos desenvolvidos enquanto os padrões 4 e 5 existem nas sociedades em desenvolvimento e desenvolvidas. O quinto padrão alimentar é considerado, segundo os autores, como o mais desejado, porém, melhoria da qualidade de vida, prevenção de doenças e envelhecimento com saúde, por meio de uma nutrição adequada, são ainda objetivos a serem atingidos.
Para contribuir com este desafio, foi desenvolvido o conceito de FoodOmics, que nada mais é do que o estudo e a análise de forma exaustiva dos efeitos de estímulos externos (os alimentos), no genoma – que se refere ao DNA, ácido desoxirribonucléico, de uma célula; no proteoma - que se refere as proteínas de uma célula; no metaboloma - que se refere aos metabólitos de uma célula; e no transcriptoma - que se refere ao RNA, ácido ribonucléico, de uma célula, por meio da bioinformática para entender a vida de forma holística, como um sistema (Cifuentes, A. FoodOmics: principles and applications, 2013).
As aplicações das tecnologias relacionadas à FoodOmics (genomics, proteomics, metabolomics, transcriptomics) estão relacionadas com identificação dos efeitos de contaminantes alimentares no DNA e em outros componentes celulares, é possível ainda, estudar as relações entre ingestão de determinados alimentos e a prevenção de doenças. Nos vegetais, as tecnologias relacionadas à FoodOmics podem contribuir para a investigação dos efeitos de determinadas tecnologias, como as alterações genéticas, em outros componentes celulares dos vegetais e animais (Davies, H. A role for ‘‘omics” technologies in food safety assessment, 2010).
O conceito de FoodOmics foi definido e publicado em revistas cientificas no ano de 2009, quando também aconteceu a primeira conferência sobre FoodOmics em Cesena, Itália. Para finalizar se questiona: como está a sua alimentação? Em quais dos estágios dos padrões alimentares você se encontra?


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