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domingo, 4 de agosto de 2013

Pensando gestão rural - e a extensão rural no Brasil

Coluna Jornal das Missões- 08.08.2013


Carolina Bilibio é doutora em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Lavras, com estágio na Universidade de Kassel, Alemanha. Possui graduação em agronomia pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí. Foi bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes. E-mail para contato: carolina.bilibio@yahoo.com.br
 
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Pensando gestão rural - e a extensão rural no Brasil
A extensão rural pode ser entendida como o serviço de educação não formal de caráter continuado, no meio rural, que promove processos de gestão, produção, beneficiamento e comercialização das atividades e dos serviços agropecuários e não agropecuários, inclusive das atividades agroextrativistas, florestais e artesanais (Associação Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural – ASBRAER, 2012).
A implantação da extensão rural no Brasil iniciou-se por volta de 1950, com a Revolução Verde. A Revolução Verde “foi um programa que tinha como objetivo explícito contribuir para o aumento da produtividade agrícola no mundo, através do desenvolvimento da genética, multiplicação de sementes adequadas a diferentes condições e resistentes às doenças, bem como a aplicação de técnicas agrícolas ou tratos culturais mais modernos e eficientes” (Argemiro Jacob Brum, Modernização da agricultura: trigo e soja, 1988). O programa foi idealizado e patrocinado, inicialmente pelo Grupo Rockefeller, com sede em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Este grupo era constituído, por especialistas em genética, edafologia, fitotecnia e um grande número de agrônomos.
Naquele momento, os teóricos julgavam que o atraso do país era devido ao tipo de agricultura desenvolvida na época, de forma “arcaica” e atrasada. Desta forma, a introdução de infraestrutura de produção, principalmente em relação ao uso de sementes certificadas, adubos e equipamentos, e o controle da articulação dos produtores, por meio da assistência técnica e orientação do crédito rural, era vista como a solução para o desenvolvimento do país. Por isso, em 1956 foi criada a Associação Brasileira de Crédito e Assistência Rural – ABCAR, com o apoio do governo do Presidente Juscelino Kubitschek. Em 1975, foi implantado pelo governo do Presidente Ernesto Geisel, o Sistema Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão Rural – Sibrater, coordenado pela Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural – Embrater e executado pelas empresas estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural nos estados, as Emater.
Em 1990 a Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural foi extinta pelo Presidente Fernando Collor de Mello, este governo desativou ainda a Sibrater e abandonou os esforços realizados para garantir o Serviço de Extensão e Assistência Técnica no Brasil. Em 2003, foi criada a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural, que por meio do Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural tinha como objetivo a melhoria da renda e da qualidade de vida das famílias rurais, a partir do aperfeiçoamento dos sistemas de produção, de mecanismo de acesso a recursos, serviços e renda, de forma sustentável.
Em junho de 2013, o Governo Federal assinou o projeto de lei que cria a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural - ANATER. As áreas prioritárias desta agência serão a cadeia produtiva do leite, a produção na região do semiárido com tecnologias de convivência com a seca, a agricultura orgânica e de baixo carbono e no acesso às tecnologias avançadas, como agricultura de precisão, automação e cultivo protegido.
É preciso destacar que durante a Revolução Verde, o objetivo da extensão rural era o de formar novos e bons agricultores, capazes de adotar as novas técnicas, principalmente os médios e grandes produtores. A função do extensionista era a de difusão de tecnologias, o que contribuiu para o agravamento dos danos ambientais e sociais, com uma grande porção de agricultores marginalizados do processo, a industrialização da agricultura, a dependência de insumos externos e o êxodo rural.
Já na atualidade a extensão rural pública realizada por meio das Empresas de Assistência Técnica e Extensão Rural – EMATERs,  tem entre os seus principais objetivos a assistência técnica e extensão rural aos agricultores familiares para a promoção do desenvolvimento sustentável das comunidades do campo. A extensão rural deveria ainda buscar a valorização de tecnologias de menor custo e o uso de recursos energéticos locais, ser baseada em conhecimento e tecnologias apropriadas e com foco na sustentabilidade dos sistemas produtivos e nos princípios da Agroecologia (Caporal & Costabeber, “Por uma nova extensão rural: fugindo da obsolência”, 2004). Por fim, o serviço de extensão rural para os médios e grandes produtores fica nos dias de hoje a cargo de cooperativas, associações rurais e empresas privadas de assistência técnica.


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