Coluna Jornal O Celeiro - 26.04.2013
Carolina
Bilibio, é doutora em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de
Lavras/UniKassel. E-mail para contato: carolina.bilibio@yahoo.com.br
Pensando gestão rural - e a Água que está acabando... (!?)
A água é um recurso indispensável
para a sobrevivência do homem e dos demais seres vivos no planeta. Desde que
acordamos passamos a fazer o uso da água, utilizada na maioria das atividades
do homem, tais como higiene, limpeza, alimentação, produção, energia etc. Por
ser tão importante à existência do ser humano, frequentemente participamos ou
escutamos discussões referentes ao uso da água, os quais a tratam como um
recurso finito. Mas, será mesmo que a água está acabando? Pois bem, vamos aos
números. As terras emersas no planeta representam 29% da superfície do planeta
enquanto a água cobre 71% da área planetária. Porém, 97% desta água é salgada e
está concentrada nos oceanos, restando 2,07% de água doce concentrada nas
geleiras polares e somente 0,63% (ou ainda menos do que isso de acordo com
outras bibliografias) de água doce disponível em rios e lagos, dos quais a
humanidade pode realizar alguma utilização. É importante observar ainda, que a
quantidade de água no planeta - 1,39 bilhão de quilômetros cúbicos, tem se
mantido constante durante milhões de anos, pois o ciclo da água é fechado, ou
seja, a ocorrência da evaporação da água na superfície dos oceanos e a
evapotranspiração, que representa a transpiração das plantas e evaporação do
solo no continente, promovem a condensação do vapor da água na atmosfera que
irá formar as nuvens. Quando as gotículas de água presentes nas nuvens vencer a
força da gravidade, a água retorna aos oceanos e continente na forma de
precipitação líquida - chuva, ou sólida - neve. Desta forma não têm existido
alteração na quantidade de água planetária.
Qual é então, a fonte de
preocupação com a água, de que tanto se fala!? Existem dois principais desafios
relacionados a ela. O primeiro deles, é
com relação à disponibilidade de água, por exemplo, embora o Brasil possua 12%
das reservas mundiais de água doce, 80% desta disponibilidade se encontra na
região amazônica onde se concentra somente 7% da população nacional, por outro
lado, a região nordeste, possui 3,3% das reservas nacionais de água doce e 27%
da população brasileira e por as outras regiões, possuem 16,7% das reservas de
água doce nacional e 66% da população do Brasil. Estas diferenças não
proporcionais entre a disponibilidade de água e a população é verificada em
outros países e com situações ainda mais críticas, como a Jordânia, Egito e
Israel, que possuem uma disponibilidade de apenas 500 m3.habitante-1.ano-1,
enquanto estima-se que a necessidade mínima de uma pessoa seja 2000 m3.habitante-1.ano-1.
O segundo desafio relacionado à água é com a qualidade. No Brasil, 85% dos
esgotos produzidos são lançados nos cursos dos rios e lagoas, e um litro de
esgoto inutiliza pelo menos 10 litros de água limpa. Em nível mundial existem 3
bilhões de pessoas, 42% da população (Brasil: 37% dos domicílios) sem
saneamento básico, que como o próprio nome diz, é no mínimo, básico! De acordo
com a Organização das Nações Unidas - ONU, a falta de saneamento provoca a
morte de 1,6 milhão de crianças por ano por doenças associadas, como a
diarreia.
E o setor agrícola, precisa se
preocupar com a água? Claro que sim, a deficiência hídrica ainda é uma das
principais causas da baixa produtividade média das culturas. Aos produtores
rurais cabe utilizar manejos que promovam a maior disponibilidade da água na
sua propriedade e região, com manejos de conservação do solo e água, que
minimizem a compactação do solo, já que o maior adensamento do solo diminui o
espaço poroso e desta forma, a capacidade de retenção de água, a compactação
aumenta ainda o escoamento superficial e a erosão. Um solo bem estruturado tem
maior capacidade de infiltração, redistribuição e consequentemente, maior
capacidade de armazenamento de água. A cobertura do solo com matéria orgânica
(palha) contribui para reduzir a evaporação da água no solo, que poderá ser
utilizada no atendimento da transpiração das culturas.
Finalmente, se destaca que 22 de
março foi o dia mundial da água, mas muito ainda precisa ser feito para
comemorar este dia. 2013 foi declarado o ano internacional de cooperação pela
água, pela Organização das Nações Unidas, com o objetivo de buscar e combater
os problemas relacionados a mesma. Fica
a reflexão sobre a água como um convite para pensarmos medidas individuais que
possam contribuir para a maior disponibilidade e qualidade da água coletiva.
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