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sexta-feira, 5 de julho de 2013

Pensando gestão rural - e a irrigação no Brasil-Coluna Jornal das Missões

Coluna Jornal das Missões - 05.07.2013

Carolina Bilibio é doutora em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Lavras, com estágio na Universidade de Kassel, Alemanha. Possui graduação em agronomia pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí. Foi bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes. E-mail para contato: carolina.bilibio@yahoo.com.br
 
                                                              


Pensando gestão rural - e a irrigação no Brasil

                A irrigação pode ser entendida como a técnica artificial de aplicação de água na agricultura visando à melhoria da produção agrícola, tanto em quantidade como em qualidade. Na atualidade existem 5,5 milhões de hectares irrigados no Brasil. O estado que concentra a maior área de lavouras irrigadas é o Rio Grande do Sul, com 1,09 milhões de hectares, seguido por São Paulo - 500 mil hectares, Minas Gerais - 350 mil hectares, Bahia - 293 mil hectares e Goiás - 200 mil hectares. O Brasil possui ainda cerca de 30 milhões de hectares com potencial para implantar a irrigação, 14,6 milhões de hectares na região Norte, 4,9 milhões de hectares na região Centro-Oeste, 4,5 milhões de hectares na região Sul, 4,2 milhões de hectares na região Sudeste e 1,3 milhões de hectares na região Nordeste.
                As culturas com maior utilização da irrigação são cana-de-açúcar - 1,7 milhões de hectares; arroz em casca - 1,1 milhões de hectares; soja - 624 mil hectares; milho em grão - 559 mil hectares e o feijão - 195 mil hectares. Os principais métodos de irrigação utilizados no país são; aspersão, localizada e superfície.
                O método de irrigação por aspersão tem como principal característica o lançamento de jatos de água no ar que caem sobre a cultura na forma de chuva. Este método se adapta às diversas condições de solo e topografia, possui boa eficiência de distribuição de água, pode ser automatizado e transportado. Por outro lado, se verifica como limitações: os custos de instalação e operação; a influência do vento e umidade relativa; necessidade de água de boa qualidade para manter a vida útil do equipamento; potencial de surgimento e disseminação de doenças. Os sistemas mais usados de irrigação por aspersão são aspersão convencional (fixos, semifixos ou portáteis), pivô central e autopropelido.
                No método da irrigação localizada a água é geralmente aplicada em apenas uma fração do sistema radicular das plantas. As principais vantagens deste método é a economia de água - já que somente uma parte da área total é molhada, e a alta eficiência da irrigação - em torno de 90%. Por outro lado, a principal desvantagem é o custo inicial de implantação dos principais sistemas: o gotejamento e a microaspersão.
                No método de irrigação por superfície - considerado o método de irrigação mais antigo do mundo, a distribuição da água é realizada por gravidade por meio da superfície do solo. As principais vantagens deste método são: menor custo fixo e operacional requer equipamentos simples e possui baixo consumo de energia.  Todavia este método é o que possui maior consumo de água e a menor eficiência de aplicação da água, em torno de 60%. Os sistemas mais utilizados de irrigação por superfície são os sistemas de inundação e sulcos.
                E quais são os critérios para escolher um método e/ou sistema de irrigação? Alguns parâmetros importantes podem ser citados, como Topografia -– em áreas planas podem ser pode ser utilizados qualquer sistema de irrigação, porém nas áreas que não são planas devem ser adotados sistemas de aspersão (até 30% de declive) ou localizada (até 60% de declive); Solo - solos com alta capacidade de infiltração devem ser irrigados com aspersão e solos com baixa capacidade de infiltração devem ser irrigados com irrigação localizada. Cultura -  deve-se observar sistema e o espaçamento de plantio, a profundidade do sistema radicular, a altura de plantas e as exigências agronômicas. Outros fatores como o clima, fonte de água, aspectos econômicos, sociais, ambientais e humanos também devem ser observados.
                A irrigação também é utilizada em outros continentes e países. De acordo com os dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, 2009), o continente Asiático possui 47,2% da área cultivada sob sistemas de irrigação, incluindo a China com 58% e a Índia com 41,9% respectivamente. Entretanto,  a África do Norte possui 28,7% da área cultivada sob sistemas irrigação (Egito-100%), e a África Susariana, 3,6%. A América Latina possui 13,3% da área cultivada sob sistemas de irrigação, o Chile com 100%, seguido pelo Equador - 77%, Colômbia - 48%, e Brasil - 8% (Mundo - 22%).

                Para finalizar, é preciso enfatizar no dia 14 de janeiro de 2013 foi publicado a lei 12.787/2012 que trata da Política Nacional de Irrigação, visando incentivar a ampliação da área irrigada no país, aumentar a produtividade de forma sustentável e reduzir os riscos climáticos para a agropecuária. Já o Rio Grande do Sul instituiu o Programa Estadual de Expansão da Agropecuária Irrigada - Mais Água, Mais Renda por meio da Lei 059/2013, com o objetivo de objetivo de aumentar as áreas irrigadas e prevenir os efeitos das estiagens no estado. Este programa está à disposição de todos os agropecuaristas que pretendem implantar sistemas de produção irrigados.

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