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domingo, 21 de julho de 2013

Pensando gestão rural - e o manejo da água em áreas irrigadas no Brasil

Coluna Jornal das Missões- 25.07.2013


Carolina Bilibio é doutora em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Lavras, com estágio na Universidade de Kassel, Alemanha. Possui graduação em agronomia pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí. Foi bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes. E-mail para contato: carolina.bilibio@yahoo.com.br
 
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Pensando gestão rural - e o manejo da água em áreas irrigadas no Brasil

A agricultura irrigada é o setor que mais consome água no mundo, cerca de 70% das águas retiradas de rios e lagos é utilizada em irrigações, chegando a 95% em países em desenvolvimento (Duehrkoop, 2011).  Considerando que água é um fator limitante em várias regiões do globo devido a problemas com disponibilidade, qualidade e conflito com outros setores como energia, indústria, consumo humano e animal, torna-se crucial na atualidade o uso racional deste recurso – a água.
Para implantar um sistema de produção irrigado não basta a aquisição dos equipamentos necessários para aplicar ou distribuir a água, é preciso também, pensar sobre os critérios que serão utilizados para realizar o manejo das irrigações, ou seja, quando iniciar as irrigações e quanto de água aplicar em cada irrigação.
Com um correto manejo da irrigação, obtém-se economia de água e energia, ganhos em produtividade e qualidade dos produtos. Porém, com manejo inadequado, pode ocorrer deficiência de água no solo -  reduzindo a produção e/ou a qualidade do produto; ou excesso de água no solo - resultando em perdas de água e energia, lixiviação de nutrientes com risco de contaminação do lençol freático.
O momento de irrigar é dependente do turno de rega (intervalo entre as irrigações - dias) empregado, podendo ser fixo – por exemplo, irrigações a cada 3 (três) dias, ou variável, irrigando sempre que forem atingidos teores críticos de água no solo. O teor crítico de água no solo, identificado por meio de experimentos, é representado pelo teor de água entre a capacidade de campo e o ponto de murcha permanente, abaixo do qual a planta gasta energia para consumir água, comprometendo conseqüentemente o desenvolvimento da cultura.
A determinação do intervalo entre irrigações é dependente do método ou sistema de irrigação. No sistema convencional de irrigação por aspersão, o turno de rega é calculado considerando a água disponível real. Na irrigação com pivô central, o intervalo entre irrigações é em função do consumo diário da cultura. Na irrigação localizada, se utiliza um pequeno intervalo entre irrigações, com o objetivo de manter o teor de água próximo à capacidade de campo – quantidade máxima que um solo pode reter de água após uma chuva ou irrigação.
  O manejo da irrigação pode ser realizado por medidas no solo, na planta ou climáticas (Silva, 2007).     O manejo via solo é realizado a partir do monitoramento da umidade no perfil do solo, sendo os principais equipamentos: tensiômetro, reflectometria no domínio de tempo (TDR), sonda de nêutrons, blocos de resistência elétrica. O tensiômetro é um dos equipamentos mais utilizados por possibilitar o conhecimento indireto do teor de água no solo, facilidade de utilização e baixo custo.
No manejo via clima, são utilizados métodos baseados em medidas climáticas na avaliação das necessidades hídricas da cultura. Com base nos dados de monitoramento climático é possível a determinação da evapotranpiração de referência (ETo), e a partir de coeficientes apropriados como o coeficiente da cultura - Kc, pode-se obter a evapotranspiração máxima da cultura (ETm).  Os métodos incluídos nessa categoria são o tanque classe “A” e equações empíricas, que utilizam medidas de radiação solar, umidade relativa do ar, velocidade do vento e temperatura do ar. O manejo da irrigação via planta consiste em determinar o grau de deficiência hídrica de uma cultura diretamente na planta, constituindo um método complexo, tendo sua principal utilização para fins de pesquisa. As principais técnicas de manejo de irrigação via planta são: (1) determinação da temperatura da parte aérea da planta por termômetro infravermelho; (2) medição do potencial hídrico foliar; (3) medição do fluxo de seiva.
Para concluir se destaca que a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) desenvolveu um sistema para realizar o manejo das irrigações em áreas irrigadas - o Sistema Irriga. O Sistema Irriga está disponível em um portal na internet e estima a necessidade diária de água a ser aplicada em cada cultura para as próximas 24 e 48 horas. É importante que o agricultor interessado em implantar sistemas de produção irrigados verifique junto a assistência técnica desde o início da realização do projeto, a forma que o manejo das irrigações serão realizadas, evitando assim, gastos excessivos com energia e água, recursos que se utilizados em excesso ou escassez provocam danos ao rendimento físico e econômico das culturas.

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