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segunda-feira, 29 de julho de 2013

Pensando gestão rural - e o preço das terras no Brasil

Coluna Jornal das Missões- 01.08.2013


Carolina Bilibio é doutora em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Lavras, com estágio na Universidade de Kassel, Alemanha. Possui graduação em agronomia pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí. Foi bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes. E-mail para contato: carolina.bilibio@yahoo.com.br
 
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Pensando gestão rural - e o preço das terras no Brasil

Há quem diga que o preço das terras se desvalorizará, mas será mesmo? É sabido que o mundo possui 13 bilhões de hectares de solo, destes, 4,4 bilhões possuem potencial de utilização como terras agrícolas, dois quais são cultivados atualmente 1,5 bilhões - aproximadamente 12% dos solos disponíveis no globo (FAO, 2011). Cerca de 90% da área restante com potencial de utilização agrícola no mundo situa-se na América Latina e na África Subsaariana, e mais de 50% em sete (7) países: Brasil, República Democrática do Congo, Sudão, Angola, Argentina, Colômbia e Bolívia (FAO Statistical Yearbook, 2012).
Nos últimos 50 anos, a área global cultivada por pessoa reduziu, passando de 0,44 hectares para 0,25 hectares, enquanto a produção agrícola mundial multiplicou entre 2,5 e 3 vezes. Mesmo com a intensificação e aumento da produtividade agrícola dos últimos anos, o mundo ainda carece de resolver o problema da fome, cerca de um bilhão de pessoas encontram-se em situações de desnutrição no mundo, principalmente na África Subsaariana (239 milhões) e na Ásia (578 milhões). Alguns estudos indicam que em 2050, uma pessoa a cada 20 indivíduos, estará em estado de desnutrição.
A população mundial continua em expansão. O mundo possui na atualidade 7,2 bilhões de pessoas, para 2025 se projeta uma população de 8,1 bilhões de pessoas e para 2050, uma população de 9,1 bilhões de pessoas (FAO, 2011). Esta população projetada para 2050 demandará 70% a mais de alimentos ao redor do globo podendo chegar a 100% relativo a 2009 em países em desenvolvimento.
O Brasil possui 851 milhões de hectares de solos, em 70% deste total (596 milhões de hectares) não há atividade agrícola, pois incluem as áreas do Pantanal, da Amazônia, reservas florestais, reservas indígenas, estradas etc. Nos 30% restantes (255 milhões de hectares), são desenvolvidas as atividades de pecuária e agrícola. O cultivo das 62 principais culturas é realizado em cerca de 64 milhões de hectares (Ministério do Meio Ambiente, 2006)
A Agência de consultoria do agronegócio - Informa Economics - FN, avalia bimestralmente o preço das terras por meio dos negócios realizados ou por meio dos preços pedidos pelos proprietários de terras no Brasil e em vários Países. De acordo com este estudo, o preço médio das terras no Brasil no último bimestre de 2012 foi de R$ 7.473 por hectare, tendo uma elevação de 227% desde 2003, quando o preço médio das terras no Brasil era de R$ 2.280, com uma elevação de 12,6% ao ano, um pouco mais do que quase o dobro da inflação média anual, de 6,4% (Informa Economics FNP, 2013).
Quando se considera o preço médio das terras por região, se verifica que a Região Sul do Brasil foi a que apresentou no último bimestre de 2012 o maior valor médio por hectare, R$ 15.020, seguido pela Região Sudeste: R$ 12.345, Região Centro-Oeste: R$ 6.363, Região Nordeste: R$ 3.292 e Região Norte: R$ 2.228. É no Estado de Santa Catarina que se encontra a terra mais cara do país, em torno de R$ 43.000 por hectare.
Para complementar, quando se considera a valorização das terras no Brasil nos últimos 36 meses - de Janeiro de 2010 a dezembro de 2012, a Região Centro-oeste se destaca, com uma valorização média de 82%, seguida pela Região Nordeste - 62,2%; Região Norte - 56,6%, Região Sudeste - 56,9% e Região Sul - 58,3% (Informa Economics FNP, 2013). Quando se considera a valorização das terras nos últimos 10 anos, as terras que mais se valorizaram foram as da Região Nordeste e a Norte. No Nordeste, o preço do hectare subiu 13,5% ao ano – principalmente nos estados de Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia; e no Norte, a valorização anual foi de 13,3%.
Após os dados apresentados, sobre a valorização das terras no Brasil, e considerando ainda a projeção do aumento da população, aumento da demanda de alimentos e energia, necessidade de combater a fome e desnutrição, problemas com desertificação que compromete cerca de 12 milhões de hectares por ano, salinização de áreas cultivadas que ocorre em 10 milhões de hectares anualmente, que a terra é um ativo que não se multiplica e que ainda é por meio da terra que se produz alimentos, se questiona: haverá mesmo uma desvalorização das terras produtivas no Brasil?

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