Coluna Jornal das Missões- 01.08.2013
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Pensando gestão rural - e o preço das terras no Brasil
Há
quem diga que o preço das terras se desvalorizará, mas será mesmo? É sabido que
o mundo possui 13 bilhões de hectares de solo, destes, 4,4 bilhões possuem
potencial de utilização como terras agrícolas, dois quais são cultivados
atualmente 1,5 bilhões - aproximadamente 12% dos solos disponíveis no globo
(FAO, 2011). Cerca de 90% da área restante com potencial de utilização agrícola
no mundo situa-se na América Latina e na África Subsaariana, e mais de 50% em
sete (7) países: Brasil, República Democrática do Congo, Sudão, Angola,
Argentina, Colômbia e Bolívia (FAO Statistical Yearbook, 2012).
Nos
últimos 50 anos, a área global cultivada por pessoa reduziu, passando de 0,44
hectares para 0,25 hectares, enquanto a produção agrícola mundial multiplicou
entre 2,5 e 3 vezes. Mesmo com a intensificação e aumento da produtividade
agrícola dos últimos anos, o mundo ainda carece de resolver o problema da fome,
cerca de um bilhão de pessoas encontram-se em situações de desnutrição no
mundo, principalmente na África Subsaariana (239 milhões) e na Ásia (578
milhões). Alguns estudos indicam que em 2050, uma pessoa a cada 20 indivíduos,
estará em estado de desnutrição.
A população
mundial continua em expansão. O mundo possui na atualidade 7,2 bilhões de
pessoas, para 2025 se projeta uma população de 8,1 bilhões de pessoas e para
2050, uma população de 9,1 bilhões de pessoas (FAO, 2011). Esta população
projetada para 2050 demandará 70% a mais de alimentos ao redor do globo podendo
chegar a 100% relativo a 2009 em países em desenvolvimento.
O
Brasil possui 851 milhões de hectares de solos, em 70% deste total (596 milhões
de hectares) não há atividade agrícola, pois incluem as áreas do Pantanal, da
Amazônia, reservas florestais, reservas indígenas, estradas etc. Nos 30%
restantes (255 milhões de hectares), são desenvolvidas as atividades de
pecuária e agrícola. O cultivo das 62 principais culturas é realizado em cerca
de 64 milhões de hectares (Ministério do Meio Ambiente, 2006)
A
Agência de consultoria do agronegócio - Informa Economics - FN, avalia
bimestralmente o preço das terras por meio dos negócios realizados ou por meio
dos preços pedidos pelos proprietários de terras no Brasil e em vários Países.
De acordo com este estudo, o preço médio das terras no Brasil no último
bimestre de 2012 foi de R$ 7.473 por hectare, tendo uma elevação de 227% desde
2003, quando o preço médio das terras no Brasil era de R$ 2.280, com uma elevação
de 12,6% ao ano, um pouco mais do que quase o dobro da inflação média anual, de
6,4% (Informa Economics FNP, 2013).
Quando
se considera o preço médio das terras por região, se verifica que a Região Sul
do Brasil foi a que apresentou no último bimestre de 2012 o maior valor médio
por hectare, R$ 15.020, seguido pela Região Sudeste: R$ 12.345, Região
Centro-Oeste: R$ 6.363, Região Nordeste: R$ 3.292 e Região Norte: R$ 2.228. É
no Estado de Santa Catarina que se encontra a terra mais cara do país, em torno
de R$ 43.000 por hectare.
Para
complementar, quando se considera a valorização das terras no Brasil nos
últimos 36 meses - de Janeiro de 2010 a dezembro de 2012, a Região Centro-oeste
se destaca, com uma valorização média de 82%, seguida pela Região Nordeste - 62,2%; Região Norte -
56,6%, Região Sudeste - 56,9% e Região Sul - 58,3% (Informa Economics FNP,
2013). Quando se considera a valorização das terras nos últimos 10 anos, as
terras que mais se valorizaram foram as da Região Nordeste e a Norte. No Nordeste,
o preço do hectare subiu 13,5% ao ano – principalmente nos estados de Maranhão,
Piauí, Tocantins e Bahia; e no Norte, a valorização anual foi de 13,3%.
Após
os dados apresentados, sobre a valorização das terras no Brasil, e considerando
ainda a projeção do aumento da população, aumento da demanda de alimentos e
energia, necessidade de combater a fome e desnutrição, problemas com
desertificação que compromete cerca de 12 milhões de hectares por ano,
salinização de áreas cultivadas que ocorre em 10 milhões de hectares
anualmente, que a terra é um ativo que não se multiplica e que ainda é por meio
da terra que se produz alimentos, se questiona: haverá mesmo uma desvalorização
das terras produtivas no Brasil?
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